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domingo, 5 de dezembro de 2010

A campanha do Fluminense - CAMPEÃO BRASILEIRO DE 2010







quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

LUIZ EDUARDO SOARES no programa Roda Viva de 29/11/2010.


LUIZ EDUARDO SOARES

Segunda-feira, 29 de Novembro de 2010 (1232)
O Roda Viva dessa segunda-feira recebe um homem acostumado com a violência. O sociólogo Luiz Eduardo Soares foi secretário de segurança pública nacional e do Rio de Janeiro. Além disso, ele é co-autor do livro Elite da Tropa que inspirou o filme Tropa de elite.
Na pauta do programa, os ataques do crime organizado na cidade do Rio de Janeiro.
Veja a entrevista acessando o link abaixo:

terça-feira, 30 de novembro de 2010

LUZ, CÂMERA, TIROS E AÇÃO!!!


Assim, como num set de Trash Movie, vão se dispondo imagens sobre imagens e o Rio de Janeiro, o Brasil e o mundo vão se convencendo de que o crime, sobretudo o suposto crime organizado, vai sendo desarticulado no tal "momento histórico" pelo qual a cidade está passando. Nossa! Quanta presepada! Depois a gente critica a sociedade norte americana, quando apoiou os ataques ao Iraque de Saddam Hussein sob a justificativa de que lá havia armas de destruição em massa e que o próprio Saddam, inimigo de Osama bin Laden, era um dos articuladores dos ataques do 11 de setembro sobre as torres gêmeas em Nova Iorque.
Daqui, era razoavelmente fácil detectar o engôdo do então presidente George W. Bush e ratificado pela máquina midiática yankee, principalmente pelas redes CNN e Fox News. Mas lá, no olho do furacão, de uma sociedade desgastada pelos recém ataques terroristas em seu próprio território, a impressão era de que aquilo tudo fazia sentido, e mais, de que a atitude mais acertada era a invasão do Iraque e a deposição do sistema de Sadam.
É claro que o Saddam foi um dos maiores facínoras que o mundo já testemunhou e que seu sistema era um câncer para toda humanidade, principalmente para os próprios iraquianos. A salvação do mundo e dos iraquianos reforçava a tese da invasão yankee ser a única opção exequível a ser tomada naquele momento.
Não foi! O Iraque ainda é um barril de pólvora, a população ainda vive em condições sub humanas e o mundo não está a salvo do terrorismo, como prometia a famosa guerra ao terror. O que se desenhou na prática foi o massacre de um sem número de civis mesopotâmios, a instauração da desordem criada pelos diversos grupos étnicos que, mal ou bem, o sistema nefasto de Sadam mantinha sob controle e a perda da  vida de vários jovens em forma de baixas das forças de coalisão ocidental, principalmente norte americanas e britânicas, durante esses anos de combate e ocupação no Iraque. Prova disso é a retirada francesa e espanhola, por exemplo, do Iraque e a pressão da opinião pública norte americana para que o governo Obama faça o mesmo com os seus.
Hoje, sabemos que não havia na época armas de destruição em massa no Iraque, sejam nucleares, químicas ou biológicas, além de nunca terem capturarado o Osama bin Laden e que os negócios da família real saudita, cujo príncipe Haifa era embaixador nos Estados Unidos na época,  e do Carlyle Group (um dos maiores empreendedores do setor de defesa dos EUA),  prosperaram extratosfericamente com a guerra ao terror de Bush.
Citando esse Carlyle Group, eles não chegam a fabricar armas, mas compram fábricas de armas em má situação financeira, transformam-nas em empresas lucrativas, e as vendem por enormes enormes quantias em dinheiro. A partir dessas e outras, as coisas começaram a fazer sentido em relação aos verdadeiros motivos da tal guerra ao terror, ordenada pelo Bush e sua súcia de comparsas políticos e financeiros sob o aval dos truculentos e boçais milicos do Pentágono, que também tinham lá os seus interesses particulares. E tudo isso com um forte apelo da mídia através de clamorosa manipulação da informação.
Não estamos na América, pelo menos na do norte, não somos yankees, o Complexo do Alemão não é o Iraque, muito menos a Vila Cruzeiro o Afeganistão e o Comando Vermelho não é a Al Qaeda, mas o clima é muito semelhante. Não temos a CNN  e nem a Fox News, mas temos a Globo e a Globo News, e nossas opiniões se pasteurizam  e se homogeneizam em torno de um senso comum de que é agora ou nunca para o bem vencer o mal, que essa atitude é o milagre da paz e que vivemos um momento histórico nas relações sociais de nossa cidade e, por conseguinte, de todo estado. Céus! Antes, exceto os suburbanos da zona da leopoldina, ninguém conhecia Bonsucesso e Olaria. Ramos e Penha, até já eram um pouco mais conhecidos de nome por causa do piscinão, do alemão e do cruzeiro, mas mesmo assim, quando o cidadão carioca voltava de Angra e de São Paulo pela estrada, ao passar pela Avenida Brasil, nem se dava conta que cruzava esses bairros. Agora, todo mundo acha que o Rio de Janeiro é o Complexo do Alemão e a Vila Cruzeiro, de um dia para o outro se transformaram nas maiores vedetes da cidade e que deles surgirá, a partir da sua pira funerária suburbana, a Fênix carioca. E quanto ao Complexo da Maré? E quanto à Vigário, Parada de Lucas, Duque de Caxias e outros fervos da baixada? Somos uma cidade de cerca de 500 comunidades, a maioria delas sob o comando de milícias, Terceiro Comando e ADA. Seriam essas entidades as nossas famílias reais sauditas e os nossos Carlyle Groups?

Nunca simpatizei com essas tais de UPPs, sempre achei isso panqueique demagógico para maquiar favela para a opinião pública, estilo Favela Bairro (alguém se lembra disso?) da segurança! fantasiar a comunidade de polícia e continuar deixando a mesma despida de urbanização, de saúde, de acesso à justiça e de educação adequadas é o mesmo que fechar a doceira do diabético, mas não lhe fornecer insulina e nem tratamento médico adequado. Puro e irresponsável ardil. Mas parece que o povo gosta desse blá blá blá institucional.

Apoiamos o show pirotécnico de blindados anfíbios nas ruas do subúrbio, de homens camuflados e de coturnos morrons, além dos men in black do BOPE e do CORE subindo morros e fincando bandeiras a la Iwo Jima. Tudo isso noticiado ao vivo e on line pelas maiores redes de informação do nosso país. A população aplaude a suposta derrocada do crime via prisão de um punhado de  meliantes do Comando Vermelho. Só ainda não atentamos que já fizemos algo semelhante no passado, sem tanta exuberância, quando perseguimos, prendemos e oprimimos os chefões do Jogo de Bicho, que reinaram em nossa cidade há alguns anos atrás, mas nunca largaram o osso da contravenção e da criminalidade, mas que foram aos poucos substituídos pelos traficantes. Agora, parece que é esse modelo de tráfico, representado ainda pelo Comando Vermelho, que se esgota e dá passagem às milícias e às outras formas de se negociar o crime e a violência no Rio de Janeiro.










 

O modelo muda a cada demanda da evolução do crime no Brasil. O que parece não mudar é o comando central disso tudo e os lucrativos ganhos que as eminências pardas do crime nacional obtêm, sem maiores repressões do Estado e sem se incomodarem com a opinião pública, porque essa sempre estará em catarse alinhada com os objetivos do Sistema.
Sei que estou ficando um tanto quanto antipático escrevendo tudo isso em dias de otimismo coletivo, mas não sou daqueles que repousam no colo do senso comum e espera agradar a maioria. Vim para incomodar e para polemizar, se o que você acabou de ler te desagradou, obrigado! Acertei o alvo de minhas expectativas!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

MURO LÁ DA ESCOLA

Observem as fotos a seguir.
São fotos tiradas em outubro de 2010. Detalhe! O muro desabou em abril, logo depois das chuvas que aterrorizaram a cidade naquele mesmo mês. Pois é... Ainda está assim!
Já mandaram peritos, fotógrafos, engenheiros etc. Só não mandaram pedreiros e material de construção!
A escola é o Colegio Estadual Lélia Gonzales, na Rua Dr. Miguel Vieira Ferreira, 642, Ramos, Rio de Janeiro, RJ.












sábado, 27 de novembro de 2010

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Traficantes fugindo da Vila Cruzeiro RJ após invasão do Bope - Parte 1/2...



E ainda há gente que acha que o crime aqui no Rio é organizado!
E essa cena humilhante de meliantes covardes correndo desesperados, como se fossem baratas saindo dos ralos em dia de dedetização ou ratos fugindo dos bueiros em dias de chuva forte? Cadê a organização deles?
Só não foi mais fácil e também só não um massacre porque houve ampla cobertura e divulgação da mídia e ao vivo. Caso contrário, nem haveria essas cenas, só corpos!

Traficantes fugindo da Vila Cruzeiro RJ após invasão do Bope - Parte 2/2...


Agora, eu só quero ver até quando a presença do Estado vai continuar nessa região. Será que só invadiram e depois, quando poeira baixar, vai voltando aos poucos ao que era antes?
Espero que o Estado policial seja aos poucos substituído pelo Estado de direito e social, sem deixar que a bagunça e o ilegal se instalem novamente.
Torço, mas com um pé atrás!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

VIOLÊNCIA PÚBLICA E INSEGURANÇA PRIVADA


"O Rio de Janeiro está em conflito. Desde o domingo 21, a capital e a Baixada Fluminense são palcos de arrastões, carros incinerados e quartel policial fuzilado. As autoridades públicas dizem ser reação à implantação das Unidades Policias Pacificadoras (UPPs) em áreas dominadas pelo tráfico. Para mostrar serviço, mandaram nesta terça-feira 23 todo o contingente das polícias militar e civil às ruas para achar os culpados. O resultado: em poucas horas, foram 11 presos e um morto. Ação digna de capitão Nascimento, para a alegria de uma parcela da população.
Para o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol), o responsável pela instauração da CPI das Milícias, cabe ao serviço de inteligência da polícia carioca descobrir como – e se – os ataques foram orquestrados. O deputado critica a postura do governador Sérgio Cabral, que estaria mais preocupado com a sua imagem do que com a segurança pública."
(http://www.cartacapital.com.br/politica/violencia-no-rio-de-janeiro-e-caso-de-servico-de-inteligencia-nao-apenas-de-policia) Trecho de reportagem da versão on line da revista Carta capital do dia 24 de novembro de 2010.


Bem, segundo o deputado, os ataques orquestrados pelos narcotraficantes fluminenses merecem uma investigação mais apurada, sobretudo pelo serviço de inteligência, antes de serem classificados como um evento planejado e organizado.
Sob um certo ponto de vista, até coaduno com a opinião do deputado. Entretanto, também tenho lá minhas dúvidas acerca do potencial e da capacidade que os marginais cariocas têm para praticar tais eventos.
Nossos meliantes já mostraram em várias oportunidades o seu despreparo, sua falta de organização e sua precária logística e operacionalidade. Quando as milícias quiseram, invadiram, expulsaram e se apoderaram das comunidades tomadas pelos traficantes com uma facilidade clamorosa, quase como tomar um doce da mão de uma criança indefesa. Depois, veio o Estado e sua polícia mal paga e  mal educada, também invadindo, expulsando e se apoderando de outras 14 comunidades "dominadas" pelos traficantes. E o que els fizeram? Fugiram! Sem resistência alguma. Agora, os traficantes tomaram coragem e se organizaram para dar o troco? Troco em quem? Para quê? Com que propósito? Afrontar, amedrontar e pressionar o Estado? Faz-me rir! Se o Estado quiser, através de suas instituições de repressão, esmaga esse punhado de meninos mal educados, alguns mal alimentados e ainda sem treinamento específico para manusear sua força bélica. Seria um massacre sem precedentes em nossa história recente. Mas a quem interessaria isso? Onde se extorquiria sem a fiscalização da sociedade? Onde se cultivaria o balaio de pavor necessário para intimidar o cidadão e mantê-lo sob sua tutela? Não há interesse institucional em acabar com os pobres meninos traficantes de nossas carca de 500 comunidades.

As UPPs serviram bem ao seu propósito de propaganda eleitoral, reelegeram o governador do estado em primeiro turno, com margem oceânica de votos em relação ao seu principal adversário e ainda desprezando descaradamente assuntos como educação e saúde. Agora, o governador precisa justificar essa farsa. Precisa transformá-la em algo concreto, tirá-la do campo da encenação eleitoral e introduzi-la de fato na realidade institucional. A milícia do governo têm que dar certo. E nada mais conveniente que um show, um evento, um espetáculo pirotécnico, literalmente!
É engraçado como que em outros lugares, quando os personagens ilícitos e violentos se sentem realmente prejudicados e ameaçados, se desesperam e partem para o ataque. Assim foi na Itália, que nos anos 80's e 90's combateu a máfia como nunca fora feito e essa máfia reagiu explodindo carro de autoridades, metralhando juízes e assassinando promotores. Mais recentemente, no México, os narcotraficantes, sentindo-se perseguidos, assassinaram delegados, promotores e até prefeitos. Nem precisamos ir tão longe, em São Paulo, o PCC também, sentindo-se pressionado, desferiu vários ataques contra a polícia. Mas afinal, o que é tão engraçado nisso tudo? É que aqui no Rio, como os meliantes respeitam as autoridades! Promotores, juízes, políticos, chefes de polícia e secretários de segurança não sentem nem o cheiro de queimado, muito menos escutam quaisquer barulho de tiro. Pior! Ainda aparecem na televisão ou falam nas rádios orientando que a população deve manter a calma e que não altere a sua rotina. O governador, em entrevista à rádio Band News FM na tarde desta quarta feira (24/11/2010), disse a seguinte preciosidade: "Há muita transpiração, cerca de 90%, e pouca inspiração, cerca de 10%", ao tratar do assunto acerca de 29 automóveis serem incendiados pela região metropolitana até aquela hora da entrevista. Nosso governador é ou não é um FANFARRÃO? Usando a sua lógica matemática, gostaria que o entrevistador perguntasse se o cidadão que teve o seu automóvel incendiado ou aquele que passou pelo desconforto de se ver em um veículo público prestes a ser incendiado estava realmente 90% transpirando e apenas 10% inspirado! Ou então, que até aquele momento, dos 29 automóveis incendiados, apenas cerca de 3 realmente pegaram fogo e os outros 23 eram pura transpiração! Fala sério governador, fanfarra e deboche têm lá os seus limites.
Não acredito que toda essa celeuma, todo esse quiprocó seja apenas obra dos meninos traficantes e mal educados da comunidade, mesmo orientados por aqueles que, de tão espertos estão trancafiados em presídios de segurança máxima. Parafraseando o presidente Lula, estou convencido de que isso tem um dedo cheio de anéis de bacharel, tem gente mais graúda por de trás disso. E pra quem acha que estou sendo conspirador demais, é só lembrar do que o Brasil já foi capaz na época dos governos militares, até bomba no Rio Centro explodiu no colo de milico desajeitado. Quem mesmo que era pra levar a culpa? Qual era mesmo a intenção? Naquela época o Estado ainda usava os milicos rasos pra fazerem o trabalho sujo. Hoje, não precisam sujar as mãos, têm os valiosíssimos inimigos da sociedade, em cativeiros de segurança máxima, para transcreverem as ordens e os meninos mal educados que carregam fuzis nas comunidades para executarem a sujeira da farsa do Estado.
O sargento do Exército morto na explosão acidental da bomba que seria detonada na comemoração do 1° de maio de 1981 no Rio Centro

Pobre é a população, que paga o pato de votar mal e de se iludir com qualquer proposta de salvação milagrosa. Homens honestos, trabalhadores e humildes, além dos intelectuais vaidosos, autistas e ingênuos, sofrem do respingo desse caldo funesto, sujo e mentiroso chamado de política pública.
Oferecem-nos esse projeto de violência pública e nos impõem essa sensação de insegurança privada. Assim, acuados, somos presas fáceis para a manipulação demoníaca, debochada e imoral praticada por esse Estado de Canalhas.
Os efeitos previstos já estão em curso, a população intimidada e desesperada urge para que as instituições atuem, do modo como elas bem entenderem e que, uma vez "resolvido" o problema, os mesmos canalhas de sempre sairão como os verdadeiros heróis da nação! E assim caminha a nossa sociedade.
Até quando seremos otários, ingênuos e pueris o bastante para cairmos nesse golpe? Até quando nos colocarão e os nossos entes em risco para ratificarem essa farsa institucionalizada? Até quando veremos pouco além de meio palmo do nosso nariz e nos permitiremos isso tudo?

Talvez dias melhores virão, mas para tal, teremos que abrir os olhos e deixarmos o filtro do romantismo e da superficialidade na lembrança de nossa adolescência, amadurecer como sociedade e como povo.
Concordo com o deputado Marcelo Freixo, quanto à necessidade de uma investigação séria e inteligente sobre esses eventos para podermos analisá-los com maior precisão. Todavia, recordando o passado do Brasil de Vargas e do governo militar, inclino-me a suspeitar de tudo e de todos. O cheiro de esterco e a aparência de pus, típicos de quem aprendeu bem como intimidar e manipular através de práticas aterrorizantes, sugerem que há gente de terno e gravata, e não de celular pré pago e fuzil, por de trás disso tudo.



Jornal Hoje 25-12-2010 Vila Cruzeiro Penha Invasão de Favela no Rio de Janeiro (em 7 partes):

sábado, 13 de novembro de 2010

EuNEMorto!

     
Sorte minha que sou de outra geração, aquela que não precisava fazer, com exceção do vestibular, SAEBs, ENEMs, ENADEs ou quaisquer outras bizarrices estatais com a presunção de avaliar aquilo que todos já sabemos, inclusive o próprio governo, de que a educação oferecida pelo nosso Estado é uma sânie!
Não sou contra avaliar a qualidade educacional, sobretudo a da educação pública. Mas, justamente quando se avalia a proficiência do uso de provas escritas, ou pelo menos há uma tendência de revê-las como principal instrumento de aferição, o Estado usa e abusa desse recurso, nadando contra a maré das recentes tendências. Tudo bem! Nem sempre uma moda se afirma. Afinal, modas são para serem ultrapassadas e descartadas mesmo. Todavia, há controvérsia!
O que não parece haver controvérsia é quanto à ineficiência e à irresponsabilidade com que o Estado trata a educação, seja ela pública ou privada, seja ela fundamental, média ou superior. Aliás, educação superior soa meio estranho, após o ensino médio, o cidadão já deveria ser considerado razoavelmente educado, pelo menos para gozar de plena dignidade cidadã. A graduação universitária deveria ser opcional, isto é, encarada como uma opção de aprimoramento profissional, cultural ou tecnológico.
Então, a mais recente e exemplar mostra dessa desastrosa administração da educação é a celeuma causada pela logística catastrófica do ENEM 2010. Não convém agora, criticar ou apontar tudo que houve de errado, ou se a culpa é do MEC, do INEP, do CESPE, da CESGRANRIO ou do presidente da república. Parece até que o Ministro Fernando Haddad vai ser fritado em praça pública, logo Ele, que estava cotadíssimo para continuar na pasta do novo governo do PT. Mas, alguém tem que pagar o pato, e o Sistema sempre arruma algum culpado imediato para a opinião pública se banhar do seu sangue e se acomodar em sua burocrática e ineficiente ignorância.

O ENEM até poderia ser eficiente, mas a quem realmente isso interessaria? O problema vem de além do ENEM, e isso não parece ter lá muita importância agora. Melhor é colocar nariz de palhaço e viver no conto de fadas, de que só o ENEM é culpado das mazelas educacionais do nosso Estado, ou pelo menos um dos principais. Não é! E os estudantes nem precisavam colocar nariz de palhaço para mostrarem isso, era só fazerem o que fazem diariamente quando vão à escola, vestirem os seus respectivos uniformes escolares e saírem por aí, com os seus Rio Cards e na expectativa de esmolas para as suas famílias, via Bolsa isso ou aquilo. Os jovens alunos dessa farsa, denominada escola que nos submetem, já são tratados como palhaços cotidianamente, com ou sem ENEM.
Ensino básico, fundamental e médio, em dois, três ou até em quatro turnos; ensino noturno (ir) regular ao invés de profissionalizante; priorizar uniformes, inclusão digital, projetos descontínuos, por exemplo, ao invés de investir em programas que priorizem a leitura, a interpretação e a produção literária, a real alfabetização lógica e numérica, o incentivo, o desenvolvimento e o aprimoramento artístico e motor da criança e do adolescente, além é claro, o investimento no capital humano que viabilizaria tudo isso, o professor. Tudo isso sim, seria um bom começo de discussão sobre a qualidade de nossa educação.   Nunca vi, li ou ouvi falar num projeto, sério e efetivo, que priorize o profissional de educação, sobretudo o professor, o sempre "vilão" ou "vítima", mas nunca o alvo de uma política que o enfatize como sujeito fundamental para quaisquer aspirações de sucesso em qualidade educacional.
Ora! É fácil elencar o ENEM e seus respectivos atores como vilões, mas lavar a ferida e averiguar a gravidade da chaga, aí ninguém parece estar realmente disposto. Daí, continuemos vestindo os nossos alunos de palhaços diariamente, com seus respectivos uniformes, e distribuindo "algodão doce social", para que todos se mantenham matriculados e servindo de garotos propagandas dessa palhaçada farsante! Depois criticam o pobre Tiririca e seu suposto analfabetismo. Quem, aqui em terra brasilis, tem moral pra isso?

O ENEM, como na matéria da revista Época (http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI187534-15228,00.html), levou "bomba" pelo segundo ano consecutivo, mas ele só está sendo coerente com o padrão de educação que nos disponibilizam, uma educação de bomba e que nos reserva, todos juntos, a levarmos sempre bomba, de um modo ou de outro!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

"Qualquer semelhança com a realidade é apenas uma coincidência. Essa é uma obra de ficção".



Ao assistir ao filme "Tropa de Elite 2" do diretor José Padilha, voltei, por alguns momentos durante a exibição, a ter 16 anos. Época em que eu havia lido recentemente "As Veias Abertas da América Latina" do Eduardo Galeano, "1964: A Conquista do Estado" e "A Internacional Capitalista", ambos de René Dreifuss. Caramba! Voltei a sentir aquele gosto agridoce palatável do auge de minha esquerdofrenia juvenil, ainda brizolista, e com a "marra" pueril de que só uma revolução mudaria o Brasil para melhor, nem que fosse uma revolução cultural, mas na base da porrada!


"Oh! que saudades que tenho




Da aurora da minha vida,




Da minha infância querida




Que os anos não trazem mais!




— Que amor, que sonhos, que flores,




Naquelas tardes fagueiras




À sombra das bananeiras




Debaixo dos laranjais!"




Abreu, Casimiro de (1837-1860); "MEUS OITO ANOS."




Ainda, durante o transcorrer das cenas deste excelente filme, voltei a sentir o amargo do amadurecimento escorrer, através de minha saliva, garganta adentro e o fluido, quente e salgado, de meu suor de homem feito, cidadão e professor da rede pública de ensino ensopar as palmas de minhas mãos e as solas de meus pés. Isto é, estava aos poucos caindo na real, voltando ao mundo como ele é e, talvez, sempre tenha sido. Nessa hora, a bibliografia que tatuava o meu coração e contaminava o minha razão era a do "Manual do Verdadeiro Idiota Latino Americano", da "Volta do Idiota", ambos de Alvaro Vargas Llosa e outros, da "A Questão da Ideologia" do Leandro Konder, dos "Ensaios Céticos" do Bertrand Russell, do "Crime e Castigo" do Dostoiévski, do "Trinta Anos Esta Noite - 1964 O Que Vi e Vivi" do Paulo Francis etc, passando por Gilberto Freyre, Carlos Lacerda, Roberto Campos e outros.
Meu Santo e Divino Ser da mitologia ocidental! A essa altura do filme, minha cabeça fervilhava, entrava em ebulição, deixando o meu cérebro em puro plasma. Minh'alma se contorcia diante do antes, do agora e do que virá depois.


Não que o filme tenha superado minhas expectativas acerca das informações que seriam por ele disponibilizadas, muito menos pelas excelentes atuações do elenco, mas pela reação causada pela maioria de quem assistiu-lhe, deixou-me a impressão de que de nada ou pouco valeram as mensagens intrínsecas transmitidas pela trama.
Houve gente que riu, houve aqueles que aplaudiram ao fim da película e até aqueles que suspeitaram ter assistido a uma espécie de denúncia. Tudo fora válido, mas muito superficial.
Tem, por exemplo, a trama de um deputado que nada faz além de barulho para se promover e que, no fim das contas, depende do herói central, um ex policial, incorruptível e violento, que lhe viabiliza a ação e a tal promoção que tanto almejara. A dupla por sinal, deputado "mocinho" e ex policial herói, travam dramas inter pessoais que rendem bons momentos dramáticos dentro da trama.
Demonstra, a narrativa, também uma sociedade infantilizada porém nada ingênua, que apóia e elege representantes baseados em farsas toscas e populistas, mas que afagam a lacuna paternalista deixada por um legado político enraizado em nossa cultura histórica de poder.
Lembrei, em diversas passagens da trama, do velho e preciso jargão que diz que, cada povo tem os governantes que merece.
Também não me privei de correlacionar personagens de nossa cultura política e de nossa história recente, onde a identificação é verossímil com alguns ícones populares, acima do bem e do mal. Alguns deles ainda presentes (e respeitados) em nosso cotidiano.
Agora, o que mais me impressionou, foi ver como a nossa democracia é "photoshopada" e superestimada, e como ainda vivemos sob a mira da repressão, só que agora com maior sofisticação e até com mais crueldade do que em outrora. Nossa liberdade, segundo a narrativa e o enredo da trama, é semelhante a de outro filme, Mtrix, dos irmãos Wachowski, uma ficção científica que ilustra, com razoável competência, a farsa de nossa liberdade condicionada à manipulação do sistema. Isso! "Tropa de Elite 2", de uma certa forma, nos remete a uma Mtrix contemporânea e real, onde todos somos "plugados" e podemos ser conectados e desconectados à mercê dos interesses do sistema. Quem não estiver compreendendo a analogia, reflita acerca de nossa classe política, em todas as esferas, municipal, estadual e federal, do legislativo ao executivo, estão todos lá, raramente representando os nossos interesses, mas legitimados pela escolha da maioria. Não há um vereador ou prefeito, um deputado ou governador, um senador ou presidente da república que tenha entrado através do viés biônico ou por indicação de apadrinhados. Todos, corruptos, assassinos, meliantes, fisiologistas, mensaleiros, canalhas e picaretas, todos entraram pela porta da frete, legitimados pela farsa democrática do voto da maioria. Ou seja, não são os políticos que não prestam, mas sim quem os elege! O sistema somos nós e, se não há dolo, sobra culpa. Culpa daqueles que ainda acreditam numa esquerda romântica e irresponsável, culpa daqueles que permanecem num bunker juvenil de uma luta imaginária contra um sistema para o qual contribui com atitudes e crenças pueris e culpa daqueles que se omitem diante do amadurecimento social, preferindo acreditar naquilo que lhes convém. Como bem dizia Bertrand Russell, "aquilo que os homens de fato querem não é o conhecimento, mas a certeza."
Tropa de Elite 2 é uma tijolada no saco daqueles que têm um mínimo de capacidade analítica e crítica, não se sai impune deste filme, nem para o bem e nem para o mal. Quem, ao final de sua exibição, não sentir um calafrio na espinha e uma sensação de que vive sob uma farsa democrática, com certeza já está lobotomizado 
como os "ingênuos" e desesperados seguidores daquelas seitas radicais e apocalípticas, que conduzem todos os seus cordeiros ao suicídio coletivo, mas que até isso, os obriga a cometer atos de atrocidades vis, contra si e contra os outros semelhantes.
É muito mais que uma denúncia, é um alerta. É um filme quase que didático, uma afronta à ingenuidade, ao populismo romântico e à imaturidade democrática que ainda persiste, sobretudo naqueles que insistem nas certezas e temem o conhecimento!
Mas, como destacado no seu início, "qualquer semelhança com a realidade é apenas uma coincidência. Essa é uma obra de ficção".