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domingo, 26 de setembro de 2010

Pior do que está? FICA!


A partir do slogan do candidato à deputado federal pelo estado de São Paulo, Francisco Everardo Oliveira Silva, o palhaço Tiririca, "pior do que está, não fica", proponho a seguinte reflexão acerca da democracia brasileira.
Bem, falar de democracia é comum as nossas mesas de bar, em nossas salas de aula, sejam de escolas ou de universidades, em nossos canais de televisão, sobretudo naqueles programas "cabeças" e até em igrejas, mas praticar a democracia é algo bem mais distante que falar dela. Nosso amadurecimento civil parece estar ainda em sua fase pueril de existência, somos um povo que falamos o que vem na cabeça mas não nos damos conta do que realmente dizemos, mais ou menos o que estou fazendo agora. Não é assim que as crianças fazem e que deixam, às vezes, os adultos constrangidos? Mas, como povo somos absolutos e não há adultos, não nos constrangemos, ou melhor, não há a quem constranger, então, além de pueris, não nos mancamos!
E se eu me colocar, momentaneamente, como o adulto de nossa sociedade? Que marra, hein!? Rsrsrs! Bem, já que vou fazer a vez de um "adulto social" deixa eu colocar o que penso dos nossos "Tiriricas" nessas eleições.
Falando dos dantescos candidatos que me vêm na cabeça agora, além do próprio Tiririca, tem o Romário, o Bebeto, o Ronaldo Esper, o Batoré, a mulher Pêra, o Vampeta e até o Reginaldo Rossi, sem falar das outras bizarrices anônimas que preenchem o horário eleitoral por esse Brasil a fora. Valha-me o que há de mais sagrado, o que diabos esses caras fazem se candidatando? Seriam eles honrados cidadãos bem intencionados que contribuirão para um país melhor, ou seriam patifes usurpadores do erário nacional? Talvez um pouco dos dois. Talvez mais um do que outro. Mas, suponho que nem um e nem outro tenham importância maior. O que realmente me importa é o que vários deles têm pertinência junto ao eleitor, sendo alguns extremamente cotados para vencer e ingressar no legislativo nacional, ou seja, na elaboração de nossas regras sociais, na fiscalização de nossos administradores públicos e na defesa e conservação de nossa sociedade. Céus! Estaremos nas mãos dos palhaços. Como se já não bastasse estarmos nas garras de pilantras, larápios, canalhas etc, agora ainda estaremos à mercê dessa nova estirpe de políticos, a dos "palhaços". Aí está a prova de nossa imaturidade democrática, ao invés de melhorarmos a qualidade daqueles que ingressam na vida pública, validaremos e consolidaremos a sua degradação.
Alguns sugerem que tal fenômeno é motivado por um sentimento ou desejo de protesto frente ao que está aí. Não sei. Mas, mesmo sendo assim, só me faz confirmar a impressão de que somos um povo de maturidade social, cultural e, principalmente, política pueril. Isto é, vamos piorar o que ruim já está para protestar. Mas quem sairá ganhando e perdendo com isso? Garanto que não nos valerá de nada elegendo aberrações e os validando como nossos representantes.
Como "cada povo tem o governante que merece", parece que estamos sendo apenas coerente com essa onda de "palhaços" cotados para a vida pública e estendendo o ditado para "cada povo tem os representantes que merece"! E assim caminha a sociedade brasileira. Uma pena!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

SEGURANÇA E EDUCAÇÃO


Trabalho numa escola na baixada fluminense, Imbariê em Duque de Caxias, é há mais de um mês sofremos com a atuação incisiva e estressante de meliantes que nos ameaça, nos rouba e nos amedronta constantemente.
Desde o roubo do automóvel de uma colega na porta da escola, o meliante convive de modo desinibido e sem maiores problemas nas redondezas da escola, invadindo, extorquindo, ameaçando e amedrontando toda comunidade escolar, principalmente os professores da escola. Até divulgando que a professora que teve o seu carro roubado está em sua mira vingativa por conta dela ter dado parte na polícia por conta de seu bem roubado. Seu boletim de ocorrência acabou sendo a sua ameaça maior, quando deveria ser um documento de cidadania frente à insegurança pública.
Praticamente todas as possibilidades foram tentadas, ofícios para as autoridades competentes, estaduais e municipais, das áreas de segurança pública e de educação, cartas e e-mais de apelo para rádios, jornais e comissões permanentes da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e até para o SEPE (sindicato dos professores) já pedimos socorro. Infelizmente, ninguém nos ajudou de fato. A polícia militar nos ofreceu um tímido auxílio, nos visitando de modo esporádico e em meio período por três dias. Isso foi o máximo que conseguimos, nada mais! Estamos sós, nem poder público, nem imprensa e muito menos  a sociedade  civil organizada, via sindicato, nos apoiou!
Nada é mais coerente com a incapacidade de mobilização de nossa sociedade e nada e mais fiel com o nosso individualismo e autismo social que esse relato acima. É emblemático e exemplar como nossa educação e segurança vão de mal a pior nesse estado. Se não bastasse a segurança e a educação irem mal individualmente, quando se analisa em conjunto a coisa fica pior ainda. Pra ficar ainda mais alegórica a situação, a saúde dos profissionais da minha escola começa a dar sinais de desgaste. Imagine trabalhar sob estas condições? Quem conseguiria trabalhar em paz e manter a sua integridade psicológica sob tais condições descritas anteriormente? E, enquanto isso, assiste-se à propagando do atual governo do estado divulgando que a segurança, a saúde e a educação estão indo de vento em popa! Só se esse vento for na verdade algum furacão e a popa for a nossa, do cidadão fluminense!
Aproveito a oportunidade para desabafar: enquanto instala-se as UPP's, as UPA's e outros factóides no estado, ou melhor, em alguns pontos da cidade do Rio de Janeiro, principalmente zona sul, centro e Tijuca, a educação, a saúde e a segurança desse estado, aquelas que nós cidadãos sentimos no nosso dia a dia e não as que vemos na propaganda, vão de mal a pior. É um tal de política de cobrir um santo descobrindo o outro, como no caso das UPP's, onde o Estado, ao invés de garantir paz no estado, maquia-se algumas favelas e os criminosos continuam atuando praticamente de forma livre na maior parte do estado, principalmente nas regiões metropolitanas onde não são cartões postais do estado. Isso é, mais uma vez, estratégia de factóide, irresponsável e até imoral. Crime sempre houve e, infelizmente, sempre haverá. Mas as UPP's estão contribuindo para um deslocamento da densidade dessa criminalidade. Então, somos nós, indivíduos da zona norte suburbana, da baixada ou de São Gonçalo cidadãos de 2ª linha, menos contribuintes que os outros? Nosso voto tem menos peso que os de outras regiões?
Por que não aumentamos o policiamento ostensivo nas áreas onde há maiores indicies de criminalidade ou pelo menos próximo às escolas e às unidades de saúde de nosso estado, com unidades móveis e cabines de polícia?
Somos vítimas de nossas escolhas ou de nossa negligência. Somos, então, responsáveis por tudo isso que está aí. Que futuro nos aguarda?

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

EDUCAR PARA QUÊ?



As práticas das 100 Melhores Empresas para Trabalhar ainda são raras. Mas no futuro a maioria das companhias será como elas
DAVID COHEN, MAURO SILVEIRA E MARCOS CORONATO


"Como qualquer prática cultural humana, o modo como trabalhamos sofreu profundas modificações ao longo da história. Os trabalhadores que ergueram as pirâmides do Egito levavam chibatadas. Escravos cultivavam as plantações brasileiras do século XVIII. Nas primeiras fábricas da Inglaterra, crianças trabalhavam de manhã até a noite. Na maior parte do século XX, a produção foi dominada pela linha de montagem e seus operários robotizados. Envolvidos com nosso dia a dia, podemos não perceber, mas o mundo do trabalho se transformou completamente.
A chave para essa mudança tem dois lados. O primeiro deles abriu a cabeça das pessoas. No mundo atual, o trabalho mais valorizado não é o braçal, mas sim o intelectual. E o trabalho intelectual exige o engajamento do funcionário. Não é possível obrigá-lo a pensar, como era possível obrigá-lo a carregar pedras ou apertar parafusos. Num mundo assim, há um prêmio para as empresas que conseguem motivar as pessoas a dar ideias e realizá-las com entusiasmo.
O segundo lado da chave abriu a porta das empresas. Numa era de concorrência acirrada (e global), num regime democrático, as pessoas são livres para procurar emprego no lugar que considerem mais adequado. Ainda mais com uma economia em expansão, como é o caso do Brasil – estima-se que a economia crescerá 7% neste ano e mais de 4% no próximo; ao longo de 2010 deverão surgir 2 milhões de novos empregos no país.
A diferença entre o mercado de trabalho de hoje e o de nossos pais ou avós é enorme, mas deverá crescer ainda mais s nos próximos anos. As mudanças já estão ocorrendo. E não há melhor lugar para observá-las do que a lista das 100 Melhores Empresas para Trabalhar, divulgada pelo Instituto Great Place to Work (GPTW) e por ÉPOCA numa cerimônia em São Paulo na segunda-feira dia 16 (leia o quadro no link http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/1,,EMI164673-16165,00.html). São empresas de ponta, em diversos setores da economia e regiões do país, convencidas de que o talento das pessoas é seu principal recurso para o sucesso. Por isso, elas adotam práticas que lhes permitem atrair, motivar, preparar e reter os melhores profissionais possíveis. Os funcionários – os juízes primordiais da lista, pois suas notas para a empresa, enviadas em sigilo para o GPTW, definem dois terços da pontuação final – aprovam as práticas que mais lhes agradam, numa espécie de seleção natural. A evolução dessas práticas está moldando o futuro do mercado de trabalho."
Sonho: Por que nossa educação não se orienta a partir desse tipo de referencial? Afinal, educamos para quê? Não está na hora de sincronizarmos nossas escolas e práticas educacionais com aquilo que o mercado demanda? Será que não obteríamos melhores resultados se nos entrosássemos, nós educadores e gestores de educação, com as circunstâncias do mercado atual? Sei não, mas suspeito que quem ensina tem ainda muito que aprender sobre o mundo atual em que vivemos. Sonho um dia que escola, educador e educando caminhem juntos rumo em direção ao mundo real.
Como sonhar não custa nada, fica aqui registrado o meu sonho!

Para ficar por dentro dos 60 anos da TV brasileira



"Em 18 de setembro de 1950, por iniciativa do empresário Assis Chateaubriand, a televisão foi inaugurada no Brasil. Nesse dia, uma menina vestida de índio, o símbolo da TV Tupi, anunciou que a primeira emissora brasileira estava no ar. Tudo que o que aconteceu depois daquele momento virou história: a primeira novela diária, o primeiro telejornal, os primeiros musicais, os improvisos das transmissões ao vivo, a chegada do videoteipe, o noticiário em rede, a era digital. 

Para Nélson Rodrigues, “a televisão matou a janela." Pode ser. Mas o fato é que o mundo também passa pela TV. Ela informa, entretém, cria modas e influencia comportamentos.

ÉPOCA preparou um especial para você relembrar fatos, personalidades e imagens que traduzem as seis décadas dessa história. Navegue pela Linha do Tempo e relembre (ou conheça) quem fez e quem faz a televisão no Brasil."
http://colunas.epoca.globo.com/60anosdetv/

Parabéns à televisão brasileira!
Se há alguma coisa que deu certo nesse país a partir dos anos 60's pra cá, foi a televisão brasileira. Suas novelas, seu modo de transmissão esportiva, seus programas de auditório, seu tele jornal etc. Copiando, aprimorando e evoluindo ano após ano, década após década, fracasso após fracasso e demência após demência, não se pode negar que a qualidade técnica e o formato de nossa tv é referência de entretenimento.
Todavia, no aspecto formador de cultura e de sociedade, mesmo que mantenha sua qualidade técnica quase que irrepreensível, deixou e ainda deixa muito a desejar. Melhor exemplo disso é o trecho da canção dos Titãs, "A televisão me deixou burro, muito burro demais..." E é por aí, uma televisão supra sumo da qualidade técnica e do entretenimento, mas que na hora de colaborar e de auxiliar no papel formador de uma sociedade melhor, politicamente, culturalmente e educacionalmente falando, ficou na atolada lama da inconsistência.
Assisti, por exemplo, a um episódio de uma novela de horário nobre na mais badalada das emissoras de nosso país, no qual um filho, depois de presenciar um pai arrogante e moralmente medíocre humilhar um de seus filhos, agredi-lo fisicamente e ainda, durante a agressão física, cobrar-lhe tudo o que esse tal pai lhes devia durante toda vida deles. Ora bolas! Meu filho quase assistiu a isso. Por sorte, já estava dormindo e não tive que passar pelo constrangimento de ter que explicar que a ficção tem esse tipo de licença para contradizer tudo aquilo que prego de uma família coerente e equilibrada. Custava dizer aquilo tudo que foi dito na cena, mas sem agressões físicas entre pai e filho? Custava passar a mensagem que um pai tem que ser responsável pelos filhos, não somente no aspecto financeiro, mas afetivo e moral sem agredir o telespectador?
Daí que eu digo, a televisão brasileira é nota mil no quesito entretenimento, mas tira zero quanto à educação de nosso povo. Uma pena, já que em muitos lares a televisão é o principal veículo de informação e, logo, de formação. E nos demais lares, serve pelo menos como referencial de tendências e até mesmo de conduta. Na geração pós rádio e pré internet, ou seja, na minha, a tv foi o principal meio de conhecimento em massa e veja só no que demos! Talvez, a tv ainda seja, mesmo durante essa efervescência tecnológica dos dias atuais, o meio de comunicação e de informação mais influente de nossa sociedade, mas, infelizmente, ainda não se mancou disso e teima em ser medíocre no papel edificador dessa mesma sociedade.
Cuidado! Que todas as divindades me livrem de estar aqui pregando algum tipo de censura. Ruim livre, pior com censura! O que sugiro é uma reflexão do que a tv poderia ser mais, além de um veículo que apenas priorize o entretenimento e que o faça de forma inconsequente e irresponsável. Sou visceralmente contrário a qualquer forma de censura, sou do tipo que morreria em nome da liberdade. Mas custa ser um pouco mais responsável? Custa estar um pouco mais preocupada com a qualidade e com a formação de nosso povo, de nossa juventude? Sei lá! Acho que estou ficando com uma análise deveras senil das coisas. Talvez minhas idéias já estejam decrépitas e minha análise seja o prelúdio de minha aposentadoria intelectual. Quem sabe? Mas, mesmo velho e com a observação mofada, ainda adoro criar polêmica e incentivar a discussão! Pena que até isso a tv nos deixa na mão. Polêmica pela tv, só quando envolve alguma celebridade e sua intimidade sexual! Nem escândalos políticos são tratados pela tv como assunto causador de polêmica!
Já enchi o saco de escrever aqui por hoje. Chega! Vou ver um pouco de televisão!

sábado, 11 de setembro de 2010

DE TUDO UM POUCO (FORTE): O ESTADO QUE MATA AS SUAS CRIANÇAS

DE TUDO UM POUCO (FORTE): O ESTADO QUE MATA AS SUAS CRIANÇAS: "A história absurda do menino de 14 anos que morreu porque as autoridades se recusaram – mesmo com ordem da Justiça – a fornecer um aparelh..."

O ESTADO QUE MATA AS SUAS CRIANÇAS



A história absurda do menino de 14 anos que morreu porque as autoridades se recusaram – mesmo com ordem da Justiça – a fornecer um aparelho simples para ajudá-lo a respirar
MARTHA MENDONÇA, COM CRISTIANE SEGATTO
Confira a seguir um trecho dessa reportagem que pode ser lida na íntegra na edição da revista Época de 11/setembro/2010.

Eram 16h06 do dia 9 de agosto quando Fábio de Souza do Nascimento morreu de insuficiência respiratória. Ele viveu 14 anos, com os pais e a irmã mais velha, num condomínio popular de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Gostava de pipa e videogame, de desenho animado e futebol. Torcia pelo Flamengo. Adorava churrasco e misto-quente. Sonhava em ser motorista de caminhão.
Um mês depois de sua morte, a pipa rosa que Fabinho gostava de empinar está presa na parede, na entrada da sala do sobrado humilde de seus pais. É o símbolo de uma vida interrompida, de um drama familiar – e também de um crime. Intimadas pela Justiça a fornecer a Fabinho um balão de oxigênio que poderia ter lhe salvado a vida, ao custo de R$ 520 por mês, autoridades dos governos federal, estadual e municipal discutiram, procrastinaram, ignoraram a determinação judicial até que fosse tarde demais.
O caso de Fabinho revela as falhas trágicas do sistema de saúde no Brasil, que pela lei deve garantir tratamento a qualquer cidadão, mas na prática tem de lidar com recursos escassos, que, em muitas ocasiões, levam ao descaso com as ordens judiciais. Submetido a um transplante de medula há quatro anos, ele desenvolveu uma doença pulmonar. Necessitava de um balão de oxigênio em casa. Seus pais conseguiram o equipamento na Justiça. Mas nunca o receberam. A União, o Estado e o município do Rio de Janeiro levaram seis meses empurrando a responsabilidade um para o outro. Aí ficou tarde demais.
Fabinho não teve uma vida fácil. A mãe – Maria das Graças Ferreira de Souza, mineira de Ponte Nova, uma dona de casa de 57 anos – e o pai – Antônio Serafim Nascimento, de 56, paraibano que faz bicos como pedreiro – se alternam ao contar sua história. De vez em quando param de falar para chorar. Outras vezes sorriem juntos com alguma lembrança. Com apenas 1 ano e 7 meses, o filho foi diagnosticado com câncer. Tinha linfomas pelo corpo e teve de passar por vários tratamentos. Até que aos 10 anos passou por um transplante de medula, no Instituto Nacional de Câncer (Inca). A irmã, Fiama, três anos mais velha, foi a doadora. A cirurgia, bem-sucedida, parecia ser o início de uma nova vida para ele.
Não foi.
Perto do Natal de 2006, quando Fabinho parecia ter pela primeira vez uma rotina normal de criança, começou a ter tosse constante e dificuldade de respiração. O diagnóstico: doença do enxerto contra-hospedeiro, uma reação do organismo às células recebidas no transplante. Ela pode atingir vários órgãos. No caso de Fabinho, foi o pulmão. Após alguns períodos de tratamento no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ, os médicos recomendaram que ele tivesse em casa um aparelho concentrador de oxigênio. “Era uma forma de dar dignidade a sua vida e protegê-lo de crises respiratórias mais graves e fatais”, diz a pneumologista Marina Andrade Lima, que o atendeu nos últimos meses de vida e fez o laudo médico para a Justiça. Com o aparelho, as crises de Fabinho poderiam ser controladas, e, na avaliação dos médicos, ele tinha grandes chances de viver muitos anos.
Maria das Graças e Antônio procuraram a Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro para entrar com uma ação. A Justiça lhes deu ganho de causa em dois dias: a União, o Estado ou o município do Rio deveriam fornecer o equipamento – imediatamente. Dois meses depois, em abril, a Defensoria telefonou para os pais de Fabinho. O aparelho não chegara. A União se defendia na Justiça dizendo que o Sistema Único de Saúde (SUS) descentraliza esse tipo de demanda, e quem devia pagar o aparelho era o Estado ou o município. O Estado apresentara decisões judiciais anteriores que dirigem ao município a atribuição. O município alegava que, por se tratar de um fornecimento de “alto custo” e “média complexidade”, era de responsabilidade estadual (leia o quadro abaixo) . Um aparelho desse tipo custa R$ 3.800. Ele requer um cilindro de alumínio, que custa R$ 50. É no cilindro que fica a carga de oxigênio, que deve ser renovada todo mês, a um custo de R$ 40. O Poder Público em geral não compra aparelhos, aluga-os. O preço, nesse caso, seria de R$ 520 por mês. (http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI170446-15257,00-R+POR+UMA+VIDA+TRECHO.html)



Mais um jovem que, covardemente, fora alvo daquilo que chamamos de poder público, como se pode ver na matéria transcrita acima. Se puxarmos um pouco mais pela memória, não é raro assassinatos de jovens, nos privando de seus respectivos futuros, em nosso estado cometidos pela negligência e pela irresponsabilidade dos nossos governantes, sejam da esfera municipal, estadual ou federal.
Há jovens que são assassinados pelas mãos de bandidos, há jovens que são assassinados justamente porque faltou a mão de alguém em seu auxílio. Mas, na maioria dos assassinatos desses jovens, o "mandante" é sempre o mesmo, o poder público e suas "políticas" de gestão de saúde, de educação e de segurança.
Lembrem-se do caso João Hélio, menino morto ao ser arrastado por quilômetros depois que o automóvel de sua mãe fora roubado. E a polícia, onde estava durante todo esse percurso? Devia estar organizando alguma blitz com a finalidade de arrecadar mais para os cofres "públicos".
E o que dizer de dados como os do Centro Israelense de Informação sobre Direitos Humanos nos Territórios Ocupados e do Instituto Superior dos Estudos da Religião – ISER, no qual o número de crianças e de jovens vítimas de arma de fogo no Rio de Janeiro é quase dez vezes maior que em Israel e Palestina juntos? Somos ou não regidos por verdadeiros assassinos de jovens?
E quanto ao Fabinho? Como a justiça determina o imediato fornecimento do equipamento que manteria a vida dele e os governos, federal, estadual e municipal, se negaram a fazê-lo ou, no mínimo, negligenciaram de sua responsabilidade com o seu famoso jogo de empurra burocrático? Na minha terra isso é assassinato, e quem o comete é contemplado com o título de assassino. Ora, se é assassino, merece cadeia!
Mas como somos brasileiros e não desistimos nunca, ainda vamos elegê-los nas próximas eleições. Esse é o maior exemplo do "oferecer a outra face". Só que essa "face" tem sido a vida dos nossos jovens!
Até quando iremos dar aval a assassinos e iremos aturar os nossos jovens pagando esse preço?

UPP's são o cabralh@#&%@#$#o!!!!


Caríssimos!
Não sei se já perceberam ou mesmo compartilham desta euforia que toma conta de nosso Estado, principalmente de nossa região metropolitana, quando o assunto é a tal da Unidade de Polícia Pacificadora ou simplesmente, UPP?
Primeiro introduzidas no centro e na zona sul da cidade do Rio de Janeiro, para logo depois serem introduzidas na Tijuca (bairro da zona norte, próximo ao centro e com padrões de zona sul), as UPP's logo se tornaram uma unanimidade em termos conceito em segurança pública. Seja pró ou contra o governador Sérgio Cabral, pai de registro da idéia, a opinião converge para o reconhecimento de que as UPP's são um exemplo de eficiência que o estado do Rio de Janeiro já viu no campo de segurança pública, como abordado no site Abordagem Policial (http://abordagempolicial.com/2010/03/upp-na-revista-veja-rio/) em reportagem sobre matéria publicada pela revista Veja Rio de 31/03/2010 (http://vejabrasil.abril.com.br/rio-de-janeiro/editorial/m1783/na-guerra-contra-o-crime). Todavia, vale ressaltar alguns pormenores registrados in loco em minha experiência cotidiana e sob análise crítica de um professor suburbano que trabalha em Ramos e na cidade de Duque de Caxias.
É nítida a presença de meliantes exilados das áreas "pacificadas" em outras regiões metropolitanas de nosso estado, bem como em regiões antes menos afetadas pela bandidagem típica das áreas metropolitanas, como Petrópolis, Macaé e Friburgo.
Outra análise pertinente é de que traficante não deixa o ofício e vai distribuir currículo em supermercados ou em lojas de departamentos. Se deles é retirado o seu ganha pão habitual, sua tendência natural será migrar para ofícios relacionados com aquilo que a sociedade lhes reservou, assalto, furto, extorsão etc, na melhor das hipóteses, atuarão como "flanelinhas", que na verdade nada mais é que uma extorsão em área pública através da ameaça ao seu patrimônio automotivo.
É como se diz popularmente, "cobrir um santo descobrindo o outro"! Pois foi isso que a atual estratégia de segurança pública em nosso estado nos ofereceu, deslocar algum efetivo de polícia para áreas popularmente visadas pela violência e deixar o resto do estado desguarnecido, como já de costume, de segurança. Não que essas áreas, comunidades cuja urbanização anárquica e caótica favorece a violência e o desprezo moral pela cidadania, não mereçam atenção do Estado, pelo contrário, o Estado tem o dever e a responsabilidade de assisti-las, bem como todas as outras de nosso estado. Mas, ao invés invadir essas comunidades com o seu aparato policial e deslocar o problema para outras áreas e outros setores, o estado do Rio bem que poderia invadir essas comunidades com o Estado de direito, com projetos de urbanização, crédito acessível imobiliário, ordem e planejamento social, educação e assistência médica de qualidade, assessoria jurídica, cultura, esporte, lazer e, inclusive, policiamento, mas sem exclusividades ou ocupações. Ocupa-se áreas conquistadas em guerra, inimigas, não áreas da própria cidade, do próprio estado, onde se fala a mesma língua e se compartilha da mesma cultura como povo. Isso só desmascara o preconceito para com essas comunidades, para o governo elas não pertencem ao conjunto social e cultural de nosso estado, é um verdadeiro atestado de marginalização dentro de nosso estado.
Mas, então, o que fazer para coibir a ação dos meliantes que tornam, sob certo ponto de vista, determinadas áreas como reféns? Será que estas áreas realmente se sentem reféns dos traficantes? Ou será que a violência não consiste no eminente risco de invasões e consequentes conflitos, típicos de quando ocorre incursões policiais nas favelas ou quando uma facção tenta dominar a outra nessas áreas?
Bem! O problema existe, e sua gênese é complexa. Mas, mais simples que um mais um igual a dois, é a solução! Estado cidadão e não policial onde o mesmo se ausenta e segurança inteligente, ágil, eficiente e, sobretudo, HONESTA, orientada pelos diversos mapas de ação ilícita nas diversas cidades do estado, principalmente nas cidades da região metropolitana. Pode-se até criar algo próximo das UPP's, mas sem descriminar regiões por preconceito ou por estratégias tipo "cartão postal" teatralizando as ações, e pior, sem deslocar o problema de um lado para o outro.
Minha sugestão é a criação das Unidades de Segurança Estratégica ou USE's, já que o povo fluminense adora siglas sugestivas! Nesse modelo contaríamos com postos mistos,  composto por policiais civis, militares, paramédicos e conciliadores jurídicos onde se ofereceria, além de segurança à uma região estratégica, sempre próxima a escolas e/ou postos de saúde, um verdadeiro serviço para a cidadania da região, com assessoria jurídica, retirada de documentos, dados estatísticos sobre a região, segurança efetiva, biblioteca virtual, acesso à internet entre outros. Estariam sob a administração integrada do batalhão de polícia militar, da delegacia, do corpo de bombeiros e do tribunal de pequenas causas locais e poderiam contar com um efetivo adequadamente capacitado para tais funções. Poderiam funcionar em containers adaptados para esse fim e custeados em parte ou integralmente pela iniciativa privada ou em algum tipo de edificação projetada para isso.
Imaginemos nossas escolas e nossos postos de assistência médica tendo como vizinhos próximos uma USE? Poderíamos deixar nossas crianças e nossos jovens nessas escolas na SEGURANÇA da presença efetiva do Estado próximo a eles. Imaginemos também, poder ir e vir ao posto de atendimento médico sem a preocupação de sermos vítimas de algo mais além do mal estar que nos motivou procurar atendimento médico. Isso sim, daria gosto de pagar imposto para ver acontecer!
Enquanto isso, maquiamos o nosso estado com as UPP's e deslocamos a violência de uma região para outra, de um setor para o outro e continuaremos sendo vítimas da teatralização do Estado desperdiçando tempo e dinheiro público sem, efetivamente, chegar perto da solução dos nossos problemas cotidianos. Só gostaria de saber se, mesmo não concordando com nada que propus aqui, você, cidadão carioca ou fluminense, se sente mais seguro de um modo geral, no seu ir e vir de cada dia, com as já implementadas UPP's em nosso estado? Dê uma olhada nos noticiários locais e constate você mesmo a eficiência das UPP's em nosso estado como um todo!
Vida longa, próspera e feliz a todos e aquele abraço!