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quarta-feira, 20 de julho de 2011

ENFIM UMA SATISFAÇÃO!

domingo, 10 de julho de 2011

MOBILIZAÇÃO FRENTE AOS IMPACTOS CAUSADOS PELA TRANSCARIOCA


Na manhã deste domingo, dia 10 de julho de 2011, os moradores, comerciantes, amigos e frequentadores dos bairros de Olaria, Ramos e Penha, participaram de um grande abraço simbólico ao redor do bairro de Olaria com o intuito de solicitar uma audiência pública junto ao governo municipal da cidade do Rio de Janeiro, afim de que o mesmo explique melhor acerca dos impactos causados pelas eminentes obras relacionadas com a construção da via Transcarioca, que ligará o aeroporto Tom Jobim à zona oeste da cidade através de BRTs (Bus Rapid Transit).

De modo inexplícito e de certa forma até autoritário, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, desapropriará, parcial e integralmente, diversos imóveis situados nos bairros de Olaria, Ramos, Penha, Brás de Pina etc, causando transtorno sem igual aos moradores, sejam eles proprietários ou inquilinos (aí lê-se despejos), ao comercio local e à tranquilidade cotidiana dos bairros vítimas do trecho 2 da Transcarioca.

Nada contra melhorias para os bairros da zona norte, pelo contrário, sempre fomos "esquecidos" pela prefeitura ou por qualquer extrato do poder público. Mal davam conta do essencial, como iluminação, manutenção das vias e podas de árvores, por exemplo. Sempre que a zona norte precisou de alguma prestação de serviço essencial ou não em um de seus bairros, normalmente, enfrentava profunda dificuldade para ser atendida. Logo, não seria justamente agora, visando melhorias, que a zona norte se oporia frente aos benefícios que sempre foram almejados.

Todavia, depois de negligenciarem por décadas a região, agora, sob motivação dos próximos eventos esportivos e internacionais na cidade, resolveram agir. Como é vocação do poder público agir sob pressão emergencial, intencionalmente ou não, suas atitudes e determinações transcorrem sem ponderar acerca dos impactos sociais sobre a população, que neste caso fora por décadas negligenciada.

O que a população solicita da prefeitura é legítimo e justo, uma audiência pública afim de melhores explicações. As desapropriações foram apresentadas aos moradores, aos comerciantes e aos frequentadores da região através de decreto publicado no Diário Oficial de 21 de junho de 2011, sem a menor satisfação e sem quaisquer esclarecimentos públicos. Afinal, é assim que transcorre a nossa democracia? Foi para isso que esperamos por mais de 20 anos entre os anos 60 e 80? Democracia de decreto, sem a participação e o consenso popular não é democracia de fato! Exemplos perniciosos como este podem semear o desconforto de um modelo político inadequado para as futuras gerações.

A população de Olaria, Ramos e Penha estão de parabéns com a mobilização demonstrada neste domingo, homens, mulheres, crianças e, sobretudo, idosos estavam lá, exercendo sua cidadania  e, por isso também,  contam com a minha total e irrestrita solidariedade e admiração, não somente por também ser cria da região e ter raízes no bairro, mas porque sou cidadão e exijo respeito por tal!
Respeito para aqueles que merecem MORAR sem serem importunados e desrespeitados justamente por quem nos deveria garantir habitat!

AUDIÊNCIA PÚBLICA JÁ!
ACERCA DA CONSTRUÇÃO DO TRECHO 2 DA TRANSACRIOCA!






quarta-feira, 6 de julho de 2011

ALERJ PRETENDE NEGOCIAR ACORDO ENTRE PROFESSORES E GOVERNO


O líder do Governo na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), deputado André Corrêa, anunciou, nesta quarta-feira (06/07), durante reunião no Palácio Tiradentes, Centro do Rio, que vai intermediar o diálogo entre o Governo do estado e os professores da rede estadual de ensino que estão em greve. Após anunciar os avanços já conseguidos para a classe pelo Poder Executivo, Corrêa fez também um apelo em prol do fim da paralisação, que completa um mês amanhã. “O Governo já avançou muito, pois contratou mais de 30 mil professores por concurso público, concedeu à categoria o vale-transporte, incorporou o Nova Escola e, agora, antecipou essa incorporação. Com isso, o que estava previsto para acontecer em quatro parcelas, até 2015, está sendo feito de uma vez só. O Governo incorporou o equivalente a um aumento de 9,82%, um dado significativo dentro de uma economia estabilizada”, frisou o parlamentar.

Coordenadora-geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe-RJ), Maria Beatriz Lugão classificou como proveitosa a reunião. “Saímos com a expectativa de que os deputados consigam interceder junto ao Governo para que a negociação avance. Todos demonstraram bastante boa vontade em intermediar a negociação, em especial o líder do Governo. Agora, precisamos de sinalizações por parte do Executivo para que a greve seja suspensa. Queremos um reajuste salarial de 26% e que a administração estadual não corte os dias parados dos professores e funcionários grevistas”, declarou.
Quanto ao corte dos pontos, Corrêa disse que, caso a categoria suspenda a greve na sexta-feira (08/07), ele se compromete a trabalhar para que os grevistas não deixem de receber os dias parados, desde que os profissionais que aderiram ao movimento reponham as aulas. “Eu me comprometi, ainda sem a autorização do Governo, a trabalhar nesse sentido. Espero dar uma posição a eles até a próxima sexta-feira, quando a categoria fará uma nova reunião. Quanto ao índice de reajustes, deixei claro que não vamos apresentar nenhuma proposta, porque o Governo não vai cometer nenhuma irresponsabilidade ao assumir um compromisso que, depois, não possa ser cumprido”, afirmou.

Presidente da Comissão de Educação da Casa, o deputado Comte Bittencourt (PPS) acredita que o líder do Governo poderá avançar nas negociações junto ao Poder Executivo. “A reunião foi proveitosa. O líder comprometeu-se a levar essas demandas dos sindicatos ao governador Sérgio Cabral e ao setor da área de planejamento econômico governamental”, apontou. Os deputados Paulo Ramos e Luiz Martins, ambos do PDT, Marcus Vinícius (PTB), e Janira Rocha e Marcelo Freixo, ambos do PSol, também participaram da reunião.

(texto de Vanessa Schumacker)

quarta-feira, 29 de junho de 2011

domingo, 17 de abril de 2011

ONDE ESTÃO OS INVESTIMENTOS!?

Metas de gerenciamento sem os devidos investimentos é como tratar de uma doença grave sem os medicamentos adequados, só com conselhos, boa alimentação e outras atitudes saudáveis! Tudo isso é correto, mas há quadros em que o uso de uma terapia mais radical merece uma carga medicamentosa além dos bons hábitos de uma vida saudável.
Em matéria de 14 de abril de 2011, pela revista Época, o Brasil investe mal em educação. Isto é, embora o investimento proporcional em educação seja comparável ao de países com desempenhos educacionais superiores ao nosso, cerca de 4,3% de seu PIB, a maior parte desse investimento passa longe do ensino básico, ensinos fundamental e médio, indo cerca de 92,6% de todo o investimento para o ensino superior. Lembrando que países como a Coréia do Sul que, por exemplo, investe apenas 9,5% de seu orçamento educacional no ensino superior e o resto no ensino básico, principalmente no ensino médio, deixando a universidade praticamente nas mãos da iniciativa privada. Já por aqui, apenas cerca de 11% são investidos no ensino médio.
E não é que com esses minguados 11% dos 4,3% do PIB investidos em educação é que o governador do Rio, sr. Sérgio Cabral e seu respectivo secretário de educação, sr. Wilson Risolia, querem estabelecer um nível de excelência para a educação fluminense através de planos de metas para serem batidos através de mirabolantes estratégias gerenciais!? Só mesmo cabeças de preenchimento tão idiota e medíocre pode imaginar qualidade sem investimento adequado! Idiota e medíocre ou má intencionada! Pois é! Ainda há essa possibilidade, a da MÁ FÉ!
Como dizia no início, sem os medicamentos adequados, não há terapia que cure ou mesmo que salve uma vida. Então, como iremos "curar" essa doença da má educação de nossas crianças e de nossos jovens só com boas condutas e atitudes saudáveis? Precisamos de remédios, e bem fortes, que normalmente não são baratos e raramente estão disponíveis no balcão de genéricos. Precisamos de terapia mais que intensiva, séria e responsável! Agora vamos combinar, com ínfimos 11% dos investimentos para o ensino básico contra 92,6% dos investimentos para o ensino superior, não há plano de metas e nem gerenciamento mágico que mude conspicuamente o atual quadro de mediocridade em que a educação básica, principalmente a do ensino médio, se encontra. Pode-se até obter méritos e sucessos isolados, no campo estatístico das exceções, mas mudança qualitativa em quantidade, impossível! Não sem investirmos pelo menos dois terços do nosso orçamento em educação no ensino básico.
Senhores mestres e doutores em gestão e administração em educação, antes de quaisquer coisas, vejam se há recursos para tal! E, ao aplicá-los, o faça de maneira honesta, razoável e otimizada. Pensem no principal protagonista dessa batalha por uma educação melhor e mais adequada as nossas atuais demandas nacionais e internacionais, pensem em nós, PROFESSORES!

Matéria da revista Época: 

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Plano Nacional de Educação. Mas que educação!?

Desde a criação da república, o Brasil almeja uma educação compatível com as aspirações de seus ideais. Foi, desde então, cultivado o desejo de se criar um plano nacional para a educação, no qual as novas demandas deste país republicano pudessem ser atendidas. Precisávamos de técnicos, juristas, médicos e outros recursos humanos com um padrão mínimo de formação cultural e intelectual para manter, desenvolver e aprimorar a recém república instalada.
Mas somente a partir de 1932, através do Manifesto dos Pioneiros da Educação, que um grupo da elite intelectual, 25 homens e mulheres, propuseram um plano de educação de grande alcance e de vastas proporções e que reconstruiria a educação brasileira num sentido unitário e com bases científicas. A partir disso, até a Constituição Brasileira de 1934 se dobrou ao tema e contemplou em seu texto que cabia à União a elaboração, a execução, a coordenação e a fiscalização de um plano nacional de educação, através do seu artigo 150.
Somente em 1962, surgiu de fato o primeiro Plano Nacional de Educação, elaborado já na vigência da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961. Desde então, vários planos, leis e recomendações foram propostas e homologadas pelo governo até chegarmos as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei nº 9.394, de 1996, onde determina nos artigos 9º e 87, respectivamente, que cabe à União, a 
elaboração do Plano, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e institui a Década da Educação.
Bem, a partir daí começa a minha história! Em 1997, após finalizar minha licenciatura plena em ciências biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e já sob as exigências da nova lei da educação, prestei concurso para professor do estado do Rio de Janeiro, onde atuo até hoje e, desde 2010, dirijo uma escola em Ramos. Durante todo esse período, como professor e atualmente como diretor, venho detectando que há muito o que se reformar em nossa conduta educacional. Começando pela descontaminação da famosa "agenda política" que insiste ser priorizada no planejamento, se é que isso de fato já existiu, e principalmente na execução das leis e dos tais Planos de Educação! Depois, deveríamos encarar os fatos de frente, sem demagogias pedagógicas e livres do assistencialismo populista de que nossos homens públicos são incondicionalmente viciados.
Já desperdiçamos muito tempo e dinheiro, sem falar nas gerações após gerações de pessoas desperdiçadas, em Planos e em Leis que são elaborados e "executados" apenas ou prioritariamente para aparecer bem na montra eleitoral. A educação é, em via de regra, tratada sempre como mais um produto de propaganda e não como uma estratégia de nação.
Um exemplo recente dessa irresponsabilidade educacional é o atual plano de metas e de seu respectivo traçado gerencial proposto ou melhor, imposto pela Secretaria de Estado de Educação, na personificação de seu atual secretário, sr. Wilson Risolia Rodrigues, um economista de carreira que, dentre outros trabalhos e cargos, já foi diretor responsável pela gestão de recursos de terceiros da Caixa Econômica Federal, bem na época em que vários investidores processaram a CEF por ter o seu dinheiro aplicado nos fundos do banco Santos, já em conspícuas dificuldades financeiras. Então, como ia dizendo, o atual secretário de educação do estado do Rio de Janeiro, sob encomenda do atual governador Sérgio cabral, elaborou um plano de metas e de gerenciamento para a rede estadual de ensino em que as escolas passarão por profundas avaliações e deverão cumprir, em macérrimos prazos, metas estabelecidas a partir do calor das últimas avaliações do IDEB, que impôs ao ensino médio do estado a penúltima colocação em termos de qualidade.
Tenho a forte impressão que os Pioneiros de 32 estão no momento se revirando em seus respectivos túmulos diante dessa erupção equivocada da atual Secretaria de Estado de educação do Rio de Janeiro. Nada contra a elaboração de um plano de metas de altas expectativas para a educação fluminense, mas fazer isso a toque de caixa, na transpiração passional dos últimos resultados do IDEB e sem antes fazer um estudo sério e detalhado das circunstâncias reais que nos levaram a esse patamar parece, e é, mais uma vez puro frenesi político. Mais uma vez a agenda política atropela o bom senso e a capacidade de planejamento institucional.
Só uma dúvida que teima em não se calar, alguém parou para avaliar o porquê de vários abandonos e vários pedidos de licenças e de exonerações por parte dos professores do estado? E aí, quem se responsabiliza por esse verdadeiro êxodo de cérebros de nossas salas de aula? Ouço sempre falar acerca da evasão escolar e da responsabilidade das unidades escolares em relação a isso. Mas alguém já se mancou de quem é a responsabilidade pela evasão escolar dos bons profissionais que, desmotivados e desprestigiados, migram da sala de aula de uma unidade escolar do estado para outros setores do mercado, inclusive para outras unidades de ensino público, como municípios e escolas privadas, por exemplo?
E aí, há algum plano de metas para motivar os professores e para seduzir os jovens talentos para se tornarem professores do estado? Porque, se há um jovem talento hoje na universidade, duvido que ele seja burro o suficiente para almejar uma carreira como professor do estado do Rio de Janeiro!
Até quando a educação será vítima de planos, leis e metas que não têm a menor vocação para resolver os seus reais problemas? Sofremos de severa abstinência de bom senso e de profundo autismo gerencial, exigimos o que não podemos e desperdiçamos o que potencialmente conquistaríamos. Nossa! Quanta burrice!

domingo, 23 de janeiro de 2011

ERA (MAIS) UMA VEZ EDUCAÇÃO


Em meados de janeiro de 2011, a partir de dados sobre rendimento escolar de 2010, a Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) enviou uma "autoridade" pedagógica ao C. E. Lélia Gonzales com a finalidade de averiguar o porquê dos altos índices de retenção, principalmente nas turmas de primeira série do ensino médio.
Após detalhada averiguação burocrática e de "auditoria pedagógica", a representante da SEEDUC sugeriu que aqueles discentes com nota superior a 17 pontos anuais totais (num universo de no máximo 40 pontos) e menos de 20 pontos, fossem reavaliados pelas respectivas disciplinas em que estavam retidos (com menos de 20 pontos anuais) e que, aqueles docentes que se recusassem interromper as suas férias para tal reavaliação, teriam que elaborar um minucioso relatório que justificasse tal atitude. Caso contrário, a unidade escolar correria o risco de intervenção.

Então, fora feita uma convocação para uma reunião, às pressas, e colocado o tema para a apreciação docente. Ainda não havíamos começado o ano letivo, ainda estávamos em férias e já havíamos tomado o primeiro golpe em nossa motivação profissional. O constrangimento foi geral, mais até do que a revolta e do que a indignação. Estávamos todos atordoados, desprestigiados, sentindo nossa dignidade e autonomia profissionais abaixo de nossos pés, ou seja, não havia ânimo nem para indignação ou revolta.

Havia a consciência coletiva de que um número considerável de retenção pegava muito mal, não somente para a escola, mas principalmente para o trabalho individual de cada um de nós em sala de aula. Sabíamos categoricamente que cada aluno reprovado representava um objetivo fracassado de nosso trabalho. Isto é, já estávamos arrasados o suficiente pelo elevado número de retenções e o que precisávamos era de ajuda e não de ameaças de intervenção. O que fazer para diminuir esse índice funesto e não aplicar paliativos de dúbia  responsabilidade impostos por entidades designadas pelo Estado. Afinal, é a qualidade que nos interessa ou a quantidade, via dados estatísticos cenográficos?

Precisamos estabelecer nossas reais prioridades. Continuaremos regidos pelo cinismo institucional com paliativos estatísticos ou exporemos nossas reais deficiências e trabalharemos honestamente para superá-las?
A escolha é da sociedade, mas com o aval e a motivação das instituições responsáveis pela educação. Sem isso, continuaremos a enxugar gelo cinicamente e despudoradamente irresponsável. Assim, continuará a caminhada em círculos no deserto de nossa educação.

domingo, 16 de janeiro de 2011

O CATACLISMO SEM CORTES NA SERRA

Entrada da pousada


11 de janeiro de 2011, após duas cervejas com a família em Lumiar, distrito encantador da cidade de Nova Friburgo (RJ), percebo que a chuva insiste em intensificar-se e literalmente aguar a minha "Antárctica". A partir disso, investimos na idéia do retorno para a nossa pousada na estrada que liga os distritos de Mury e de Lumiar, visto que, além da chuva, a noite também se intensificava.
Já na estrada rumo à pousada, a chuva torna o caminho uma aventura preocupante. Mas, para alívio de todos no carro, conseguimos chegar à pousada por volta das 22h 30min, molhados e tensos, mas sãos e salvos.
Entramos no quarto, trocamos de roupa e ligamos a TV, mas a chuva insistia em nos lembrar de sua intensa presença, através de suas sinestésicas ações, trovoadas, clarões, goteiras, falta de sinal de tv e até falta de energia, até o estrondo maior, dois deles! Estranho, trovoadas sem clarões! (?) Ainda assim, dormimos.
12 de janeiro de 2011, cerca de 8h, acordo em meio ao frio matinal do verão serrano e ainda sem energia. Céus! Como irei tomar banho com aquela água gelada, que já me desafiava enquanto lavava o rosto e escovava os dentes? Antes fosse essa a minha maior preocupação a partir daquele dia!
Ao chegar à sacada do meu quarto deparo-me com a visão da tragédia, o morro em frente nú e jorrando água em queda vertiginosa, mas ainda não tinha idéia de suas dimensões.
Estrada não havia mais. Ainda sem energia e sem comunicação. Isolamento total. Total confinamento!
Sem receber e sem poder dar notícias. Exercício de paciência e de gerenciamento de esperança. Sobrava medo, apreensão, angústia e dúvidas. O que de fato aconteceu naquela noite? Até onde foi o alcance da tragédia? Qual foi o tamanho da tragédia? Etc, etc, etc et al...
Enquanto já tomávamos o café da manhã em companhia dos outros hóspedes, dois funcionários da companhia elétrica local, testemunhas in loco do deslizamento, nos relatou suas respectivas experiências enquanto tentavam restabelecer a energia na região. Relatos aterrorizantes! Agora, também confinados ali, compartilhando suas experiências, nossas angústias e nossas apreensões.
Entretanto, ao fim da tarde, eis que enfim conseguem, através do rádio de sua picape, entrarem em contato com a empresa para que trabalham, uma tal de ENERGISA, e receberem a "orientação" de deixarem o veículo em lugar seguro e, pasmem, voltarem para a empresa a pé, em meio às barreiras e aos escombros dos deslizamentos da noite anterior. Isso porque a empresa, essa tal de ENERGISA, não autorizou o pernoite dos rapazes na pousada. Céus! O preço impagável de duas vidas! Vê-los caminhando ao anoitecer, indo de encontro aos restos cataclísmicos que compunham aquele cenário angustiante e aterrorizador, foi uma das cenas que mais depuseram contra a credibilidade do altruísmo humano. Nossa esperança sofreu uma curra naquele momento!
Pior do que aquilo, só as notícias que ouvíamos da rádio do carro e das poucas pessoas que insistiam teimosamente transitar pelo caos sobre a situação do centro da cidade de Nova Friburgo. Destruição, morte, dor e desespero numa das cidades mais aconchegantes do país. Escolas se transformando em necrotérios, pontos turísticos abarrotados de lama, escombros e corpos, pessoas vagando sob o astral da perda e da dor etc!
Vista da estrada Mury-Lumiar


13 de janeiro de 2011, após uma das piores noites de minha vida, senão a pior, eis que a esperança enfim se torna a nossa maior sensação até então! Ouvem-se barulhos de máquinas ao longe. Melhor! Vêem-se operários, bombeiros, técnicos etc... Estaríamos livres em menos de 24h!
Ansiedade e felicidade nunca se deram tão bem em minha vida. Mas ainda havia apreensão, aquela que um torcedor sente já nos acréscimos do jogo quando o seu time está a um apito da vitória na final de um campeonato, mas podendo ainda sofrer um revés que lhe poria tudo a perder! Era hora de torcer mais que nunca!
Defesa Civil de Casemiro de Abreu
Perecia que todos os gols sofridos, todas as bolas na trave, todas as faltas e todos os erros de arbitragem ficaram para trás e até valeram à pena! Em breve, poderíamos sair campeões, depois de tanto sofrimento e apreensão!
Prefeito de Casemiro de Abreu
14 de janeiro de 2011, enfim o apito final. Faltava, então, a entrega da taça e a faixa de campeão. De meros torcedores viramos homenageados, até o prefeito da cidade vizinha veio nos visitar junto com sua equipe de paladinos salvadores.
São Volvo
Então, veio a notícia, em 30 minutos estaríamos livres, um milagre operado pelo São Volvo e seu poder hidráulico!
Por volta das 11h 30min já estávamos no caminho de volta as nossas vidas usuais, deixando para trás um rastro de angústia, desespero e drama. Saíamos de lá, mas aquele lugar nunca mais sairá de nós!
Sempre ouvi falar de acidentes naturais, grandes catástrofes e tragédias ambientais. Mas nunca havia presenciado uma de tão perto. É estranhamente terrível! Pior, parece que, mesmo estando a salvo, nunca estarei livre dela. Ainda posso sentir o temor daquele evento funesto através do grito silencioso daqueles que não cheguei a ver, mas que os deixei para trás e das notícias que invadem as mídias que me cercam.