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terça-feira, 30 de novembro de 2010

LUZ, CÂMERA, TIROS E AÇÃO!!!


Assim, como num set de Trash Movie, vão se dispondo imagens sobre imagens e o Rio de Janeiro, o Brasil e o mundo vão se convencendo de que o crime, sobretudo o suposto crime organizado, vai sendo desarticulado no tal "momento histórico" pelo qual a cidade está passando. Nossa! Quanta presepada! Depois a gente critica a sociedade norte americana, quando apoiou os ataques ao Iraque de Saddam Hussein sob a justificativa de que lá havia armas de destruição em massa e que o próprio Saddam, inimigo de Osama bin Laden, era um dos articuladores dos ataques do 11 de setembro sobre as torres gêmeas em Nova Iorque.
Daqui, era razoavelmente fácil detectar o engôdo do então presidente George W. Bush e ratificado pela máquina midiática yankee, principalmente pelas redes CNN e Fox News. Mas lá, no olho do furacão, de uma sociedade desgastada pelos recém ataques terroristas em seu próprio território, a impressão era de que aquilo tudo fazia sentido, e mais, de que a atitude mais acertada era a invasão do Iraque e a deposição do sistema de Sadam.
É claro que o Saddam foi um dos maiores facínoras que o mundo já testemunhou e que seu sistema era um câncer para toda humanidade, principalmente para os próprios iraquianos. A salvação do mundo e dos iraquianos reforçava a tese da invasão yankee ser a única opção exequível a ser tomada naquele momento.
Não foi! O Iraque ainda é um barril de pólvora, a população ainda vive em condições sub humanas e o mundo não está a salvo do terrorismo, como prometia a famosa guerra ao terror. O que se desenhou na prática foi o massacre de um sem número de civis mesopotâmios, a instauração da desordem criada pelos diversos grupos étnicos que, mal ou bem, o sistema nefasto de Sadam mantinha sob controle e a perda da  vida de vários jovens em forma de baixas das forças de coalisão ocidental, principalmente norte americanas e britânicas, durante esses anos de combate e ocupação no Iraque. Prova disso é a retirada francesa e espanhola, por exemplo, do Iraque e a pressão da opinião pública norte americana para que o governo Obama faça o mesmo com os seus.
Hoje, sabemos que não havia na época armas de destruição em massa no Iraque, sejam nucleares, químicas ou biológicas, além de nunca terem capturarado o Osama bin Laden e que os negócios da família real saudita, cujo príncipe Haifa era embaixador nos Estados Unidos na época,  e do Carlyle Group (um dos maiores empreendedores do setor de defesa dos EUA),  prosperaram extratosfericamente com a guerra ao terror de Bush.
Citando esse Carlyle Group, eles não chegam a fabricar armas, mas compram fábricas de armas em má situação financeira, transformam-nas em empresas lucrativas, e as vendem por enormes enormes quantias em dinheiro. A partir dessas e outras, as coisas começaram a fazer sentido em relação aos verdadeiros motivos da tal guerra ao terror, ordenada pelo Bush e sua súcia de comparsas políticos e financeiros sob o aval dos truculentos e boçais milicos do Pentágono, que também tinham lá os seus interesses particulares. E tudo isso com um forte apelo da mídia através de clamorosa manipulação da informação.
Não estamos na América, pelo menos na do norte, não somos yankees, o Complexo do Alemão não é o Iraque, muito menos a Vila Cruzeiro o Afeganistão e o Comando Vermelho não é a Al Qaeda, mas o clima é muito semelhante. Não temos a CNN  e nem a Fox News, mas temos a Globo e a Globo News, e nossas opiniões se pasteurizam  e se homogeneizam em torno de um senso comum de que é agora ou nunca para o bem vencer o mal, que essa atitude é o milagre da paz e que vivemos um momento histórico nas relações sociais de nossa cidade e, por conseguinte, de todo estado. Céus! Antes, exceto os suburbanos da zona da leopoldina, ninguém conhecia Bonsucesso e Olaria. Ramos e Penha, até já eram um pouco mais conhecidos de nome por causa do piscinão, do alemão e do cruzeiro, mas mesmo assim, quando o cidadão carioca voltava de Angra e de São Paulo pela estrada, ao passar pela Avenida Brasil, nem se dava conta que cruzava esses bairros. Agora, todo mundo acha que o Rio de Janeiro é o Complexo do Alemão e a Vila Cruzeiro, de um dia para o outro se transformaram nas maiores vedetes da cidade e que deles surgirá, a partir da sua pira funerária suburbana, a Fênix carioca. E quanto ao Complexo da Maré? E quanto à Vigário, Parada de Lucas, Duque de Caxias e outros fervos da baixada? Somos uma cidade de cerca de 500 comunidades, a maioria delas sob o comando de milícias, Terceiro Comando e ADA. Seriam essas entidades as nossas famílias reais sauditas e os nossos Carlyle Groups?

Nunca simpatizei com essas tais de UPPs, sempre achei isso panqueique demagógico para maquiar favela para a opinião pública, estilo Favela Bairro (alguém se lembra disso?) da segurança! fantasiar a comunidade de polícia e continuar deixando a mesma despida de urbanização, de saúde, de acesso à justiça e de educação adequadas é o mesmo que fechar a doceira do diabético, mas não lhe fornecer insulina e nem tratamento médico adequado. Puro e irresponsável ardil. Mas parece que o povo gosta desse blá blá blá institucional.

Apoiamos o show pirotécnico de blindados anfíbios nas ruas do subúrbio, de homens camuflados e de coturnos morrons, além dos men in black do BOPE e do CORE subindo morros e fincando bandeiras a la Iwo Jima. Tudo isso noticiado ao vivo e on line pelas maiores redes de informação do nosso país. A população aplaude a suposta derrocada do crime via prisão de um punhado de  meliantes do Comando Vermelho. Só ainda não atentamos que já fizemos algo semelhante no passado, sem tanta exuberância, quando perseguimos, prendemos e oprimimos os chefões do Jogo de Bicho, que reinaram em nossa cidade há alguns anos atrás, mas nunca largaram o osso da contravenção e da criminalidade, mas que foram aos poucos substituídos pelos traficantes. Agora, parece que é esse modelo de tráfico, representado ainda pelo Comando Vermelho, que se esgota e dá passagem às milícias e às outras formas de se negociar o crime e a violência no Rio de Janeiro.










 

O modelo muda a cada demanda da evolução do crime no Brasil. O que parece não mudar é o comando central disso tudo e os lucrativos ganhos que as eminências pardas do crime nacional obtêm, sem maiores repressões do Estado e sem se incomodarem com a opinião pública, porque essa sempre estará em catarse alinhada com os objetivos do Sistema.
Sei que estou ficando um tanto quanto antipático escrevendo tudo isso em dias de otimismo coletivo, mas não sou daqueles que repousam no colo do senso comum e espera agradar a maioria. Vim para incomodar e para polemizar, se o que você acabou de ler te desagradou, obrigado! Acertei o alvo de minhas expectativas!

2 comentários:

  1. Parafraseando Nelson Rodrigues "toda unanimidade é burra" pode ter certeza de que quem está lá no "fervo" reage, em maioria, com uma certa desconfiança a toda essa "ação".
    Meu caro amigo e leitores, a esperença em dias melhores ainda é um sentimento que toma meu coração em qualquer situação que aponta melhorias, porém não podemos deixar de ter o termômetro nos olhos aferindo e permitindo assim questionar melhor pra quem?

    Parabéns pelo texto!
    Emerson Santos

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  2. Realmente, as imagens que chegam aos nosso lares são para "inglês" ver. Todo os investimentos relacionados 'a copa do mundo e olimpíadas não podem deixar de chegar ao Estado do Rio. Enfim, os pobres traficantes vão viver de que? Assaltos, sequestros, saidinha do banco, etc. Cuidado a próxima vítima pode ser qualquer um de nós.

    Um abraço
    Márcio Barbosa

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