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sábado, 13 de novembro de 2010

EuNEMorto!

     
Sorte minha que sou de outra geração, aquela que não precisava fazer, com exceção do vestibular, SAEBs, ENEMs, ENADEs ou quaisquer outras bizarrices estatais com a presunção de avaliar aquilo que todos já sabemos, inclusive o próprio governo, de que a educação oferecida pelo nosso Estado é uma sânie!
Não sou contra avaliar a qualidade educacional, sobretudo a da educação pública. Mas, justamente quando se avalia a proficiência do uso de provas escritas, ou pelo menos há uma tendência de revê-las como principal instrumento de aferição, o Estado usa e abusa desse recurso, nadando contra a maré das recentes tendências. Tudo bem! Nem sempre uma moda se afirma. Afinal, modas são para serem ultrapassadas e descartadas mesmo. Todavia, há controvérsia!
O que não parece haver controvérsia é quanto à ineficiência e à irresponsabilidade com que o Estado trata a educação, seja ela pública ou privada, seja ela fundamental, média ou superior. Aliás, educação superior soa meio estranho, após o ensino médio, o cidadão já deveria ser considerado razoavelmente educado, pelo menos para gozar de plena dignidade cidadã. A graduação universitária deveria ser opcional, isto é, encarada como uma opção de aprimoramento profissional, cultural ou tecnológico.
Então, a mais recente e exemplar mostra dessa desastrosa administração da educação é a celeuma causada pela logística catastrófica do ENEM 2010. Não convém agora, criticar ou apontar tudo que houve de errado, ou se a culpa é do MEC, do INEP, do CESPE, da CESGRANRIO ou do presidente da república. Parece até que o Ministro Fernando Haddad vai ser fritado em praça pública, logo Ele, que estava cotadíssimo para continuar na pasta do novo governo do PT. Mas, alguém tem que pagar o pato, e o Sistema sempre arruma algum culpado imediato para a opinião pública se banhar do seu sangue e se acomodar em sua burocrática e ineficiente ignorância.

O ENEM até poderia ser eficiente, mas a quem realmente isso interessaria? O problema vem de além do ENEM, e isso não parece ter lá muita importância agora. Melhor é colocar nariz de palhaço e viver no conto de fadas, de que só o ENEM é culpado das mazelas educacionais do nosso Estado, ou pelo menos um dos principais. Não é! E os estudantes nem precisavam colocar nariz de palhaço para mostrarem isso, era só fazerem o que fazem diariamente quando vão à escola, vestirem os seus respectivos uniformes escolares e saírem por aí, com os seus Rio Cards e na expectativa de esmolas para as suas famílias, via Bolsa isso ou aquilo. Os jovens alunos dessa farsa, denominada escola que nos submetem, já são tratados como palhaços cotidianamente, com ou sem ENEM.
Ensino básico, fundamental e médio, em dois, três ou até em quatro turnos; ensino noturno (ir) regular ao invés de profissionalizante; priorizar uniformes, inclusão digital, projetos descontínuos, por exemplo, ao invés de investir em programas que priorizem a leitura, a interpretação e a produção literária, a real alfabetização lógica e numérica, o incentivo, o desenvolvimento e o aprimoramento artístico e motor da criança e do adolescente, além é claro, o investimento no capital humano que viabilizaria tudo isso, o professor. Tudo isso sim, seria um bom começo de discussão sobre a qualidade de nossa educação.   Nunca vi, li ou ouvi falar num projeto, sério e efetivo, que priorize o profissional de educação, sobretudo o professor, o sempre "vilão" ou "vítima", mas nunca o alvo de uma política que o enfatize como sujeito fundamental para quaisquer aspirações de sucesso em qualidade educacional.
Ora! É fácil elencar o ENEM e seus respectivos atores como vilões, mas lavar a ferida e averiguar a gravidade da chaga, aí ninguém parece estar realmente disposto. Daí, continuemos vestindo os nossos alunos de palhaços diariamente, com seus respectivos uniformes, e distribuindo "algodão doce social", para que todos se mantenham matriculados e servindo de garotos propagandas dessa palhaçada farsante! Depois criticam o pobre Tiririca e seu suposto analfabetismo. Quem, aqui em terra brasilis, tem moral pra isso?

O ENEM, como na matéria da revista Época (http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI187534-15228,00.html), levou "bomba" pelo segundo ano consecutivo, mas ele só está sendo coerente com o padrão de educação que nos disponibilizam, uma educação de bomba e que nos reserva, todos juntos, a levarmos sempre bomba, de um modo ou de outro!

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