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terça-feira, 21 de setembro de 2010

SEGURANÇA E EDUCAÇÃO


Trabalho numa escola na baixada fluminense, Imbariê em Duque de Caxias, é há mais de um mês sofremos com a atuação incisiva e estressante de meliantes que nos ameaça, nos rouba e nos amedronta constantemente.
Desde o roubo do automóvel de uma colega na porta da escola, o meliante convive de modo desinibido e sem maiores problemas nas redondezas da escola, invadindo, extorquindo, ameaçando e amedrontando toda comunidade escolar, principalmente os professores da escola. Até divulgando que a professora que teve o seu carro roubado está em sua mira vingativa por conta dela ter dado parte na polícia por conta de seu bem roubado. Seu boletim de ocorrência acabou sendo a sua ameaça maior, quando deveria ser um documento de cidadania frente à insegurança pública.
Praticamente todas as possibilidades foram tentadas, ofícios para as autoridades competentes, estaduais e municipais, das áreas de segurança pública e de educação, cartas e e-mais de apelo para rádios, jornais e comissões permanentes da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e até para o SEPE (sindicato dos professores) já pedimos socorro. Infelizmente, ninguém nos ajudou de fato. A polícia militar nos ofreceu um tímido auxílio, nos visitando de modo esporádico e em meio período por três dias. Isso foi o máximo que conseguimos, nada mais! Estamos sós, nem poder público, nem imprensa e muito menos  a sociedade  civil organizada, via sindicato, nos apoiou!
Nada é mais coerente com a incapacidade de mobilização de nossa sociedade e nada e mais fiel com o nosso individualismo e autismo social que esse relato acima. É emblemático e exemplar como nossa educação e segurança vão de mal a pior nesse estado. Se não bastasse a segurança e a educação irem mal individualmente, quando se analisa em conjunto a coisa fica pior ainda. Pra ficar ainda mais alegórica a situação, a saúde dos profissionais da minha escola começa a dar sinais de desgaste. Imagine trabalhar sob estas condições? Quem conseguiria trabalhar em paz e manter a sua integridade psicológica sob tais condições descritas anteriormente? E, enquanto isso, assiste-se à propagando do atual governo do estado divulgando que a segurança, a saúde e a educação estão indo de vento em popa! Só se esse vento for na verdade algum furacão e a popa for a nossa, do cidadão fluminense!
Aproveito a oportunidade para desabafar: enquanto instala-se as UPP's, as UPA's e outros factóides no estado, ou melhor, em alguns pontos da cidade do Rio de Janeiro, principalmente zona sul, centro e Tijuca, a educação, a saúde e a segurança desse estado, aquelas que nós cidadãos sentimos no nosso dia a dia e não as que vemos na propaganda, vão de mal a pior. É um tal de política de cobrir um santo descobrindo o outro, como no caso das UPP's, onde o Estado, ao invés de garantir paz no estado, maquia-se algumas favelas e os criminosos continuam atuando praticamente de forma livre na maior parte do estado, principalmente nas regiões metropolitanas onde não são cartões postais do estado. Isso é, mais uma vez, estratégia de factóide, irresponsável e até imoral. Crime sempre houve e, infelizmente, sempre haverá. Mas as UPP's estão contribuindo para um deslocamento da densidade dessa criminalidade. Então, somos nós, indivíduos da zona norte suburbana, da baixada ou de São Gonçalo cidadãos de 2ª linha, menos contribuintes que os outros? Nosso voto tem menos peso que os de outras regiões?
Por que não aumentamos o policiamento ostensivo nas áreas onde há maiores indicies de criminalidade ou pelo menos próximo às escolas e às unidades de saúde de nosso estado, com unidades móveis e cabines de polícia?
Somos vítimas de nossas escolhas ou de nossa negligência. Somos, então, responsáveis por tudo isso que está aí. Que futuro nos aguarda?

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