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domingo, 23 de janeiro de 2011

ERA (MAIS) UMA VEZ EDUCAÇÃO


Em meados de janeiro de 2011, a partir de dados sobre rendimento escolar de 2010, a Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) enviou uma "autoridade" pedagógica ao C. E. Lélia Gonzales com a finalidade de averiguar o porquê dos altos índices de retenção, principalmente nas turmas de primeira série do ensino médio.
Após detalhada averiguação burocrática e de "auditoria pedagógica", a representante da SEEDUC sugeriu que aqueles discentes com nota superior a 17 pontos anuais totais (num universo de no máximo 40 pontos) e menos de 20 pontos, fossem reavaliados pelas respectivas disciplinas em que estavam retidos (com menos de 20 pontos anuais) e que, aqueles docentes que se recusassem interromper as suas férias para tal reavaliação, teriam que elaborar um minucioso relatório que justificasse tal atitude. Caso contrário, a unidade escolar correria o risco de intervenção.

Então, fora feita uma convocação para uma reunião, às pressas, e colocado o tema para a apreciação docente. Ainda não havíamos começado o ano letivo, ainda estávamos em férias e já havíamos tomado o primeiro golpe em nossa motivação profissional. O constrangimento foi geral, mais até do que a revolta e do que a indignação. Estávamos todos atordoados, desprestigiados, sentindo nossa dignidade e autonomia profissionais abaixo de nossos pés, ou seja, não havia ânimo nem para indignação ou revolta.

Havia a consciência coletiva de que um número considerável de retenção pegava muito mal, não somente para a escola, mas principalmente para o trabalho individual de cada um de nós em sala de aula. Sabíamos categoricamente que cada aluno reprovado representava um objetivo fracassado de nosso trabalho. Isto é, já estávamos arrasados o suficiente pelo elevado número de retenções e o que precisávamos era de ajuda e não de ameaças de intervenção. O que fazer para diminuir esse índice funesto e não aplicar paliativos de dúbia  responsabilidade impostos por entidades designadas pelo Estado. Afinal, é a qualidade que nos interessa ou a quantidade, via dados estatísticos cenográficos?

Precisamos estabelecer nossas reais prioridades. Continuaremos regidos pelo cinismo institucional com paliativos estatísticos ou exporemos nossas reais deficiências e trabalharemos honestamente para superá-las?
A escolha é da sociedade, mas com o aval e a motivação das instituições responsáveis pela educação. Sem isso, continuaremos a enxugar gelo cinicamente e despudoradamente irresponsável. Assim, continuará a caminhada em círculos no deserto de nossa educação.

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